Ausências, presenças, tentativas, fracassos, dúvidas, erros, acertos, movimento, repouso, acelerado, retrógrado, composto, simples, uno, múltuplo, convexo, côncavo, estreito, largo, comprido, curto, longo, cheio, vazio, saudável, enfermo, átomo, molécula, diversão, cultura, trabalho, profissão, dinehiro, década, século, milênio, livro, arte, música, dança, fotografia, ilustração, cartoon, drogas, sexo, sexualidades, algodão, seda, reta, curva, retorno, um espaço pra tudo!
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Porque excluir nem sempre é um ato consciente
Por esses dias, fui ao mercado comprar itens necessários pra minha sobrevivência.
Passei alguns segundo guardando itens comprados fora do mercado no "guarda-volumes", o qual somente pode ser utilizado se, e somente se, o cliente ir ao segurança pedir a chave do guarda-volumes.
Detalhe, isto está explicado num cartaz imenso, colado na parede de frente pro guarda-volumes.
Sempre me incomodou essa ideia de ter q retirar a chave com o segurança, mas não sabia exatamente o porquê, pensava que era porque eu estava sendo controlada e/ou porque sou ranzinza! rs
Quando fui retirar minhas coisas do guarda-volumes, encontrei uma senhora, olhando para os armários. Ela olhou todos e passou os olhos pelo cartaz. Mas, não foi retirar a chave com o segurança. Pensei: "será que ela não consegue achar o armário que ela guardou as coisas dela?!". Retirei minhas coisas do armário, retirei minha chave e fui devolver pro segurança. Foi quando entendi porque aquele cartaz me incomodava. A senhora viu o cartaz, mas como não sabia ler, não foi retirar a chave com o segurança. Voltei e perguntei à ela se queria guardar as sacolas, ela disse que sim, então, contei o segredo de onde estava a chave dos armários. Saí do mercado desconsolada e pensei em várias coisas que um/uma analfabeto (a) deixa de fazer porque não compreende. Saber que há uma mensagem e não conseguir compreende-la deve ser um castigo. Isso pensando que o castigo da ignorância nos leva a cometer atos e infrações, por vezes, graves.
A senhora não sabia ler e isso não permitia guardar suas coisas num guarda-volumes de mercado, onde mais ela foi excluída?!
Pode parecer um absurdo que em pleno século XXI exista pessoas analfabetas no Brasil e no mundo. Pensei sobre a senhora, pensei sobre a educação, acabei pensando na educação feminina. Lembrei do texto da Guacira Lopes Louro, Prendas e antiprendas: uma escola de mulheres. Resgatei na memória textos que li numa disciplina de "Políticas Públicas" no mestrado, ano passado, que diziam sobre o início do acesso das mulheres às escolas. Cheguei à conclusão de que somos limitadas ao convívio em sociedade quando não sabemos ler e escrever, mas também somos limitados por saber ler e escrever, pois não conseguimos expressar aquilo que é escrito à alguém que não sabe ler. Como expressar a informação de que se deve retirar a chave do guarda volumes com o segurança sem a escrita ou a fala?! Se alguém conseguir, por favor, me avise! Sou limitada e não consegui pensar em nada!
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